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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A família e seus presentes de Natal

Estando próximos do Natal, é necessário refletir sobre seu verdadeiro significado.

Envolto no consumismo, o Natal perde seu significado se os pais não mostrarem aos filhos que o maior presente dado à humanidade foi Jesus

É Natal! Cantam as crianças, com vozes suaves: “Botei meu sapatinho na janela do quintal, Papai Noel deixou meu presente de Natal. Como é que Papai Noel não se esquece de ninguém? Seja rico, seja pobre, o velhinho sempre vem...”.

No soar da cantiga, olhinhos faíscam como a estrela de Belém! O coração infantil pulsa na cadência da bondade e da justiça, pois a criança acredita na promessa daquele Papai Noel vindo de longe, distribuindo presentes para ricos e pobres. Engraçado... São os adultos que narram aos pequeninos a história do trenó, do velhinho bondoso e justo, com barbas brancas, trazendo nas costas o saco de brinquedos. Os adultos se iludem também, gastam muito, acreditam no milagre do Natal... O bom velhinho jamais chega a pagar suas contas no final.

Pais, por que não falarmos às crianças sobre o Menino de Belém? Vamos contar a elas sobre os três Reis Magos e os presentes que o Menino Jesus ganhou quando nasceu. A Bíblia nos fala que, 2 mil anos atrás, na cidade de Belém, na Judéia, Maria e José tiveram um filho, o Menino Jesus. Ele nasceu pobre, numa estrebaria, e foi enrolado em panos.

A antiga tradição – e também a Bíblia – nos narra a história de três Reis Magos, vindos do Oriente até a estrebaria de Belém, onde se encontravam Maria, José e o Menino Jesus. Os três Reis Magos chamavam-se Belchior, Baltasar e Gaspar. Ofereceram a Jesus ouro, incenso e mirra. O significado dos presentes foi o reconhecimento e o amor ao novo Rei e profeta. Eles sabiam que aquele Menino pobre seria um grande líder e que Ele era um presente do Pai para a humanidade.

Sentido simbólico – O que significa hoje escolher um presente para alguém? Escolher um presente para alguém tem o sentido simbólico de manifestar o querer bem, a consideração e a importância que essa pessoa tem em nossa vida. A mais-valia do presentear é a intenção amorosa do gesto e não a proporção de valor e medida do objeto.

Há, porém, muitas maneiras de presentear as pessoas. A sociedade consumista, ansiosa por lucros, desejos e prazeres hedonistas, optou por um excesso de presentes materiais, esquecendo, muitas vezes, as reais necessidades do ser humano. Acabamos presenteando desejos desnecessários, presentes que tentam compensar frustrações... As famílias deixam-se envolver por pacotes, exageros gastronômicos, felicidade-relâmpago, no que se revela a ausência do brilho da estrela de Belém. Presenteia-se muito, poucas crianças; presenteando-se pouco, muitas crianças.

Na noite de Natal, pinheiros fartos e pacotes coloridos sufocam o presépio, risos, tintim de copos, os sinos badalam anunciando o maior presente da humanidade: Jesus! Poucos acolhem a intensidade do anúncio, pois estão embrulhados nos presentes, distantes do real significado dessa noite.

São milhares de presentes espalhados no Natal do mundo, insuficientes às necessidades dos irmãos... Crianças esperam o brinquedo. Papai Noel achará suas casas? Mães chorosas por um saco de pão, um pouco de feijão, leite e verduras, presentes que saciam necessidades. Pais esperando o Noel do emprego. Famílias querendo a telha, o tijolo, a madeira, a sua gruta de Belém. Idosos carentes de saúde e cuidado. Crianças e adolescentes na expectativa de um lar. Os presentes do mundo pertencem a poucos, porém, os presentes do Menino Jesus pertencem a todos.

A riqueza dos valores – A família atual, que vai ao shopping center adquirir seus presentes de Natal, precisa, inspirada na família de Nazaré, buscar um novo shopping: o shopping do coração do Pai. Foi ali que Ele nos ensinou a buscar os maiores presentes. Dali nos enviou o Menino Jesus, eterno e duradouro. O presente Deus-Menino traz ao mundo os tesouros da fé, justiça, amor, alegria, paciência, diálogo, união, fortaleza, respeito mútuo, fidelidade, fraternidade, salvação. Eis os valores que devem ser costurados com fios dourados, unindo vidas na família humana: marido, mulher, pais, filhos, avós, netos, pobres e ricos, os que choram e riem, fracos e fortes, mansos e humildes. Famílias, o presente de Natal que a sociedade necessita é a construção de lares que transmitam segurança, afeto e cuidado!

Nem mesmo a ciência, apesar de sua evolução, conseguiu criar em laboratórios um espaço aconchegante onde se encontram pai, mãe e filhos. Pai e mãe: o bondoso Papai Noel são vocês! Os presentes, numa proporção equilibrada, tem seus significados e dizem algo. Mantenha-os sustentados naquele clima de solidariedade e carinho familiar.

Presenteie, portanto, toda a sua família, em todo Natal, a cada novo dia, com um relacionamento saudável e duradouro. Maria e José, ícones da parentalidade (pai e mãe), buscam acolhida em seu lar. Jesus quer nascer em sua família.

Que toda criança recite com a poetisa Cora Coralina: “Creio na força imanente que vai gerando a família humana, numa corrente luminosa de fraternidade universal”. E, assim, família, cantem ainda os anjos com você e com toda a humanidade: “Noite feliz! Noite feliz!...”.


*Artigo publicado na Revista Família Cristã, Paulinas Editora, São Paulo, em dezembro de 2008.
**Todos os textos publicados neste blog são temas apresentados em palestras. 

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Qualidade de vida, longevidade e espiritualidade

Nos dias 16 e 17 de outubro participei do Encontro com Idosas Religiosas no Instituto São Carlos, em Passo Fundo/RS. O evento, que tinha como temática Qualidade de vida, longevidade e espiritualidade, contou também com a presença de religiosas da Terceira Idade.

Os dois dias foram preenchidos com momentos de reflexões, momentos vivenciais, partilhas acerca do envelhecimento, assim como, os caminhos para uma velhice bem sucedida, o idoso e as necessidades humanas, dimensões do bem estar do idoso e estratégias para um envelhecimento saudável.

Trabalhou-se com o grupo a metáfora da malha da vida, aonde, cada qual, ao longo da existência, tece seus fios. Sempre levando em consideração que a vida é composta de fios alegres, tristes, bem sucedidos e frustrantes. Cada qual anexou a malha de sua vida numa grande mandala, que ali, significou a continuidade, o movimento, a roda da vida, o fazer e o ser.

Houve, ainda, momentos bíblicos-meditativos, danças sagradas e missa, relevando a significância da espiritualidade na dimensão humana.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Alfabetizar o coração dos filhos

Num mundo marcado por um consumismo que atinge até as relações familiares, é preciso que os pais busquem uma nova educação voltada para o ser e não para o ter.

A arte do convívio passa pela alfabetização do coração, pois construir um espaço ético e afetuoso não prescinde da amorosa escola familiar. O planeta Terra – justo-injusto, solidário-não solidário, feliz-infeliz – será a projeção desse lar-coração. A futura geração construirá um mundo afetivo se as crianças sentirem o pulsar do coração parental. Nesse sentido, o educador Roberto Crema afirma que “nós só buscamos o que já encontramos”. Mas, afinal, o que significa alfabetizar o coração?
Trata-se da capacidade para escrever e conjugar a vida com o alfabeto e a cultura do afeto, priorizando o ser. Alfabetizar o coração consiste em formar filhos com uma inteligência emocional saudável, aptos para a construção de vínculos afetivos, preparados para experimentar sentimentos de alegria, tristeza, raiva e medos, sendo que a negação destes poderá gerar ansiedade, depressão, fobias, mágoas, culpas, etc.

Nem sempre é uma tarefa fácil alfabetizar o coração, sobretudo porque a sociedade atual se tornou um desafio à cultura do afeto. O relatório Jacques Delors, da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), intitulado Educação, um tesouro a descobrir, alerta para o fato de que “a educação ocorre ao longo de toda a vida”. A alfabetização do coração supõe pais atentos às ideologias da sociedade hipermoderna, caracterizada pelo fenômeno da mundialização e influenciada por conflitos socioeconômicos, éticos e ecológicos e também por avanços tecnocientíficos. O mundo atual se comunica de forma acelerada, provocando uma generalização de costumes e normas comportamentais e culturais e, assim, abalando tradições, bons hábitos e costumes familiares. Essa geberalização dos costumes pode ainda ocasionar uma perda da identidade e da originalidade de cada cultura.

Prisão consumista – Outra epidemia de nossa época é a “normose”, conceituada por Roberto Crema como uma “patologia da normalidade”, na qual o que vale é o senso comum. Comportamentos e atitudes são aceitos e abstraídos da avaliação correto-incorreto, humano-desumano. A referência de valor se sujeita a um pensamento cômodo: “Todo mundo faz, consome, bebe, usa, freqüenta, descarta, rouba, mata, corrompe; é tudo normal... está na moda”. E como ficam os pais levados por essa correnteza “normótica”? Confusos, receosos de serem taxados de antiquados e inseguros por discordarem do senso comum. Portanto, aqu vai um alerta: Pais, acreditem na sua intuição, em seus princípios e valores, oportunizando a alfabetização do ser no sagrado espaço familiar!

Mas como alfabetizar o coração dos filhos numa sociedade consumista, hedonista e imediatista? Uma atitude nessa direção é tomar cuidado ao fidelizar parcerias consumistas, presenteando filhos com a felicidade relâmpago. A maioria dos pais de hoje trabalha muito porque precisa ter dinheiro para comprar as novidades lançadas no mercado. Já as crianças assustam os pais com suas listas de necessidades. E estes sentem dificuldade em frustrar os filhos e percebê-los tristes pela dor do não ter.

Amores descartáveis – A “normose” consumista determina que tudo seja fabricado para durar pouco e apresenta a solução para o caso de perdas e estragos afirmando: “Não se preocupe, já existe algo mais moderno, com mais recursos. Descarte e substitua!”. Para dar conta desse giro, os pais precisam trabalhar, fazer horas extras e bicos, enfim, ganhar mais dinheiro para nutrir o circuito quebra-compra-troca. Esse mercado consumista potencializa pais estressados, cansados e desfocados da energia que mantém um relacionamento tranqüilo e amoroso com os filhos. Pais esgotados querem fugir de reclamações e choradeiras, facilitando a manutenção do ter. Essa forma de pensar e sentir ante objetos e desejos insaciáveis acaba se deslocando para os afetos, para os amores, e estimula uma geração de vínculos imediatos, breves, utilitaristas e descartáveis.

No contexto atual, presenciamos panoramas familiares doloridos, desequilibrados, conseqüência do analfabetismo do afeto pelo qual pais descartam de suas vidas seus filhos e vice-versa. Numa sociedade que privilegia o ter, os amores são facilmente descartados. Muitas famílias se desfazem, considerando isso normal. A sociedade imediatista esqueceu-se de que amadurecer sentimentos , crescer e aprender são tarefas diárias.

Afabetizar o coração dos filhos é buscar um novo jeito de educar, olhar e amar. Segundo o relatório de Jacques Delors, nossos filhos precisam aprender a pensar, sentir, conviver e intuir. Acreditem, pais: a família ainda é, para o escritor Ciriaco Moreno, “a primeira escola das virtudes morais e espirituais”. A escola-lar levará pais e filhos a ser, dando um significado a suas existências através da alfabetização do coração.

Dicas aos pais:
- Observar os sentimentos do filho (alegria, tristeza, raiva e medos) e escutá-lo;
- Pondere com o filho a sua lista de consumo, distinguindo desejo e necessidade;
- Transforme seu lar numa escola de valores morais e espirituais.

*Artigo publicado na Revista Família Cristã, Paulinas Editora, São Paulo, em setembro de 2008
**Todos os textos publicados neste blog são temas apresentados em palestras.

Encontro das Mães Evangelizadoras

No dia 2 estive presente no encontro das Mães Evangelizadoras, no Santuário das Mães, em Novo Hamburgo (RS). Minha participação se deu através da palestra Um olhar no ser mulher, na qual a mulher toma-se nas mãos e defronta-se com o espelho do eu. Amadurecida olha-se na janela do tempo, tranformando rugas em rendas de sabedoria e aprendizados.Olha a humanidade e assume sua inteireza como mulher e compromete-se nas questões de uma maternidade social e ao mesmo tempo que olha para a interioridade faz-se comprometida com uma humanidade que precisa aprender amar seus irmãos e o planeta Terra.

Compartilho com vocês algumas imagens do evento:

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Comer, Rezar, Amar

Com mais de 4 milhões de cópias vendidas, o livro Comer, Rezar e Amar é sucesso absoluto e serviu de inspiração para o filme com mesmo título.

"Às vezes, é preciso arriscar tudo para se sentir livre." Com este lema, ambos relatam a busca da autora, Elizabeth Gilbert, por sua recuperação pessoal. Quando completou 30 anos, Liz Gilbert (interpretada por Julia Roberts) tinha a estabilidade que uma mulher moderna sonha em ter: um marido, uma casa, uma carreira bem-sucedida. Mesmo assim, como muitas outras pessoas, ela está perdida, confusa e em busca do que realmente deseja na vida. Recentemente divorciada e num momento decisivo, Gilbert sai da zona de conforto, arriscando tudo para mudar sua vida, embarcando em uma jornada ao redor do mundo que se transforma em uma busca por auto-conhecimento. Em suas viagens, ela descobre o verdadeiro prazer da gastronomia na Itália; o poder da oração na Índia, e, inesperadamente, a paz interior e equilíbrio de um verdadeiro amor em Bali.

A estréia, nos cinemas brasileiros, está marcada para a próxima sexta-feira (1º/10).

Confira o trailer:

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Se filhos fossem violetas, pais não chorariam

“O filho sábio é a alegria de seu pai, mas o filho sem juízo é a tristeza de sua mãe.” (Prov.10,1)

Filhos e violetas, reinos diferentes. Manifestações peculiares, ambos carentes de cuidado, ora aprendizes, ora ensinando. Filhos adolescem. Violetas florescem. Filhos desafiam. Violetas silenciam. A mãe atravessa a varanda com o coração dolorido, lágrimas passeiam no seu rosto, incertezas bailam na sua mente preocupada com as experiências e negligencias dos filhos adolescentes.
Seu olhar paralisa frente às violetas, as quais lhe inspiram: “Se filhos fossem violetas, os pais não chorariam.”
Por instantes anseia. Se os filhos se tornassem violetas coloridos, serenos, sem adolescência, na casa haveria ausência de encrencas, revoltas, confrontos. Filhos sem preguiça, maduros. Filhos menos impulsivos, mais sensatos, sem festas, sem maconha nem álcool, sem transgressão, filhos somente. A mãe desperta: filhos não são violetas, são pessoas.

Filhos adolescentes, mudanças à vista  - Falando em filhos adolescentes, pontuamos acima alguns aspectos não generalizando características adolescentes, e sim alguns matizes do adolescer.
A adolescência é um ciclo vital imprescindível ao adultecer. Conhecemos pessoas “tão regradas” na juventude, adolescendo aos 40 anos, enquanto outros não se permitirão adolescer.
Na adolescência o corpo manifesta alterações. É importante elaborar a perda do corpo infantil. Alguns o escondem transformando largas roupas em escudo, proteção.
Os adolescentes demonstram novos estilos. A mãe libera-se das ofertas da loja vizinha. Filhos crescidos, gostos estremecidos.

E as emoções dos adolescentes?
A produção hormonal, além do corpo, atinge também as emoções. Adolescentes revelam-se sensíveis, irritadiços, sonolentos, desligados. Ora são alegres, ora tristes, ora expansivos, ora encapsulados.
E o quarto? Torna-se o universo do adolescente. Porta fechada sinaliza o limite da individualidade.

Pais pensando:
Dizia-me a mãe estressada: “Não suporto ver a porta do quarto do meu filho fechada, vou lá, abro, entro”. Então perguntei-lhe: -Por quê não bate na porta e pede licença para entrar?
Respondeu-me furiosa: “A casa é minha”.
Perguntei-lhe: “A casa não é dos filhos?”
Compreendemos porque alguns adolescentes vão embora...

Pais equivocados - Há pais impacientes, invasivos, briguentos também. Aí a disfarçada desculpa: trabalham, tem preocupações. Adolescentes, igualmente, tem suas dificuldades e crises existenciais. Ouvindo adolescentes percebe-se que nem sempre são eles os responsáveis pelas brigas em casa, mas pais estressados. Novamente compreendemos os pais, embora eles possuam três vezes a idade dos filhos. Quando tiverem autocontrole e maturidade, tornar-se-ão ingredientes da adultez? Aceitemos, sim, que pai e mãe não são violetas.Pena!

Medos na adolescência - Quando o adolescente sai do ciclo infantil começa a abdicar de proteção. Torna-se alvo da expectativa dois pais, avôs, tios, amigos. Espera-se que assuma responsabilidades, enfrente desafios, que dê conta dos estudos, das atividades extra-classe, do quarto, de suas roupas, da louça suja na pia, da toalha molhada após o banho, da bagunça na sala de tevê e computador. O foco é organização, o que supõem limites estabelecidos. Ele precisa aprender a organizar-se. O desempenho das tarefas o auxiliará no ordenamento das emoções e pensamentos, no pertencimento familiar, ou seja, a casa onde mora é dele. O espaço familiar possibilita-lhe uma caminhada confiante e autônoma rumo à adultez. Um dia será adulto.
A autonomia, experienciada, se tornará ferramenta que lhe possibilitará, lá bem diante, um envelhecimento igualmente saudável.
Encontramos jovens de 17 anos na faculdade, tenros e vulneráveis à pressão da sociedade consumista, a qual lhes aponta profissões promissoras num país onde se torna mais fácil passar no vestibular do que ter a carteira profissional assinada. Superando medos, experimentará suas habilidades. Medos tornam-se obstáculos e possibilidades para prosseguir. Erros e acertos se entrelaçam e constituem plataformas emocionais de autoestima. Medos e dúvidas são aprendizados.

Pais: erros e acertos - Uma jovem, 17 anos, acadêmica de psicologia, era parabenizada. Sentia-se, porém, triste. Na metade do curso, nova opção: letras! Formou-se apoiada pelos pais. Feliz!

Pais cansados, levantem!

Um pai descobriu que seu filho estava fumando maconha. Chorou. Ficou arrasado. Impotente. Culpado. Perguntou-se: “Onde errei?” Teve longa conversa com o filho, o qual foi receptivo. Após escutar o pai, o filho argumentou: “Meu pai, eu sou muito mais que essa maconha, eu não sou só isto”. O pai o abraçou. Entendeu que a maconha fora o meio torto que o adolescente encontrara para ser valorizado pelo pai.

Pais, transformem seus filhos em soluções e não em problemas.
Pais, transformem sua casa no lar de seus filhos.
Pais, cuidem da saúde corporal, emocional, mental e espiritual de seus filhos.
Pais, rezem com e por seus filhos.
Pais, valorizem seus filhos e possibilitem-lhes opções e autonomia.
Pais, descansem e retomem a jornada.
Pais, a vida é uma constante opção para a felicidade e para a realização. Violetas não fazem escolhas; filhos sim.

Maria, mãe de todos os homens e das violetas, olhe por nós. Amém!

*Texto publicado na Revista Família Cristã, Paulinas Editora, São Paulo, em setembro de 2010
**Todos os textos publicados neste blog são temas apresentados em palestras.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Encontro no Regina Comunidade do Grupo de Convivência da 3ª Idade

Dezessete pessoas participaram do encontro realizado pelo projeto social Regina Comunidade, no dia 16 de agosto de 2010, no Hospital Regina em Novo Hamburgo, Região Metropolitana de Porto Alegre, o qual ajudei a organizar.
Observo (no centro da foto, de jaleco branco) a plantação da
flor, estimulada pela história contada no encontro
O grupo, formado por idosos, participou de uma hora do conto. A história escolhida foi Charalina, e estimulou os participantes a plantarem uma flor, pintarem desenhos alusivos ao que ouviram e a fazerem exercícios para memória, novidade para alguns que nunca foram à escola.
O projeto - O Regina Comunidade existe desde 2007 e é o principal projeto social do Hospital Regina. Um de seus objetivos é melhorar as condições de saúde das famílias, a partir do princípio de saúde preventiva, por meio de ações básicas, respeitando os diferentes formatos de família e integrando a rede de saúde do sistema público brasileiro.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A auto-estima dos filhos

Cultivar uma auto-estima positiva e saudável nos filhos é uma tarefa que começa em casa, a partir do modo como os pais vivenciam o relacionamento em família.

Gostaria de conversar com os pais, neste artigo, sobre um assunto de extrema importância: como eles devem auxiliar seus filhos a construir uma auto-estima saudável e positiva. Mas, antes, é preciso perguntar: para vocês, o que é auto-estima? Olhem para suas vidas. Nela vocês convivem com sucessos, derrotas, desafios. Pois bem, a auto-estima é alicerçada nessa trilha. O psicoterapeuta e filósofo canadense Nathaniel Branden classificou a auto-estima como “um sentimento de competência e de valor pessoal”. Mas o que significa isso?
Os sentimentos de competência e valor pessoal se traduzem na estima e no respeito que temos por nós mesmos. É a consciência de se avaliar com consideração e aprender a se amar, olhando-se como um ser de importância inestimável. A competência pessoal é a autoconfiança. Acreditar-se capaz de realizar coisas boas, isso somado à certeza de que conquistará o que almeja. A partir dessa constatação, a competência, a valorização e o respeito pessoais farão igualmente com que a pessoa se adapte à realidade da vida, auto-afirmando-se para viver desafios (enfrentar e dominar os problemas), resolver conflitos, fazer escolhas, realizar tarefas, reconhecer as próprias habilidades e manejar as dificuldades cotidianas, sem desistir. Cultivar relacionamentos saudáveis, ganhar e perder e, no contexto da própria vida, atribuir-se o merecimento da felicidade e do sucesso.
Família-lar – Diante disso é importante que os pais se perguntem sobre a quantas anda sua auto-estima? Afinal, pais com auto-estima sadia construirão, com os filhos, um espaço fértil para semear e colher amor, respeito e valorização. Uma “família-lar”, na qual os erros se tornam sementes-mestras da paciente sabedoria de recomeçar, transcendendo a derrota e os acertos colhidos, tais como frutos maduros do perseverante cultivo do otimismo e do bem-viver.
Família-lar é o espaço onde os filhos aprendem a amar ou desamar, a projetar suas vidas para o sucesso ou insucesso, para a felicidade ou infelicidade. Por isso, pais e mães, cuidem em sua família-lar dos amores, dos sons, das diferenças, das conquistas e dos sofrimentos que povoam seu cotidiano, bem como da saúde física, emocional e espiritual de seus membros.
O cultivo da auto-estima dos filhos se inicia nessa família-lar, caracterizada como um território circular ou quadrado, com árvores ou sem, com cem balanços ou sem balanços (balanços são braços que acolhem a dor e embalam com amor). Na família-lar tem xingação e frustação, tem sim e não, num ziguezague que costura e borda limites. Ali é a escola relacional na qual se respira o oxigênio do convívio: puro, poluído (harmonia ou brigas), no qual se acrescentará mais ou menos valia de si. Então, pais, é hora de vocês pensarem sobre o oxigênio que se respira aí a sua família-lar.
Vida cotidiana – Além da família-lar, onde os filhos podem cultivar a auto-estima? Na escola, nos relacionamentos, em espaços de lazer na casa de amigos e avós. Em síntese: todo espaço desperta sentimentos de segurança ou insegurança, dependendo da adequação de seu filho àquela realidade.
Diante disso ainda fica a pergunta: como cultivar a auto-estima dos filhos?. Partindo do princípio de que auto-estima é o sentimento de valor e competência pessoal, são esses sentimentos que precisam ser potencializados em seus filhos. Fortalecer a competência e o valor dos filhos a partir dos cuidados parentais básicos, como saúde física, emocional e espiritual. Filhos cuidados terão a probabilidade de se tornarem mais autoconfiantes, pois desfrutarão do feliz merecimento de pertencerem e serem filhos de pais zelosos.
A auto-estima dos filhos deve ser cultivada na vida cotidiana, com os pais se mostrando e sendo próximos, dialogando, escutando e respeitando. É preciso conhecer e valorizar a habilidade dos filhos e elogiar o desempenho deles. Possibilitar sua participação em cursos e atividades diversificadas. Incentivá-los para leitura, esporte e música, favorecendo o autoconhecimento de seus respectivos interesses.
Outro ponto importante para o reforço da auto-estima dos filhos é, por exemplo, valorizar o dia do aniversário deles. Isso não significa necessariamente dar uma mega-festa, mas sim celebrar um ritual de felicidade familiar. Mais uma recomendação: pai e mãe, sejam presentes nas apresentações públicas de seus filhos, seja na escola, seja em qualquer outro evento. Permitam aos filhos também a vivência de desafios, frustrações, responsabilidades e desempenho de tarefas no lar. É preciso confiar nos filhos, dando-se conta de que eles tem as próprias pernas para caminhar.
Não dispensem o uso de críticas construtivas, mas sejam flexíveis não julgando os erros com extrema severidade. Por fim, sigam em frente e acreditem na sua competência para habilitar a auto-estima dos filhos. E não se esqueçam de vivenciar palavrinhas mágicas, como falar, ouvir, compreender e valorizar.

*Texto publicado na Revista Família Cristã, Paulinas Editora, Sã Paulo, em julho de 2008 – exemplar nº 871
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domingo, 1 de agosto de 2010

Um Segredo no Olhar


O olhar pode esconder um segredo... Os olhos tem coração ou o coração possui olhos?
Olhar é ver, tocar, não tocar, sentir ou intuir?
Qual o significado do olhar? Enxergar como, quem, o quê, quando, onde, por que, para que? Onde o olhar pode nos levar?

A vida constitui-se de limites e possibilidades.
"Um segredo no olhar" vai partilhar uma experiência onde, na noite escura dos olhos, revela-se uma luz subjacente. Curar e ampliar o olhar que se faz caminho de serenidade, aceitação, missão e amor.
A vida segue a luz ou a sombra de seu olhar.

*Todos os textos publicados neste blog são temas apresentados em palestras.