Como os casais administram a
variável Playstation nos relacionamentos? Toda geração é caracterizada por
inovação e mudança. O chavão “no meu tempo...” é preconceituoso e deve ser
aposentado. O Playstation compõe o enxoval da juventude do século XXI. É um
brinquedo indispensável.
Recordando gerações - Mudanças
culturais, antropológicas, econômicas, espirituais e tecnológicas delimitam
gerações.
Geração Baby Boomers (1946/1964)
- Marcada pelo fim da 2ª guerra mundial, reconstruiu seu mundo focada no
trabalho.
Geração X (1965/1978)
- Viveu o movimento hippie, a revolução sexual, quis paz, liberdade e o
anarquismo. Esta geração pagou as contas.
Geração Y (1979/1992)
- conduziu à revolução tecnológica, à globalização, à
multicultura, à diversidade. Quis liberdade e flexibilidade. Mergulhou na
satisfação do desejo e no consumismo.
Geração Playstation, aqui/agora - São filhos tardios da geração X e precoces da geração Y. Eles
migram do vídeo game para o Playstation e computadores.
Os jogos virtuais de hoje
atendem aos interesses dos meninos e das meninas. Ambos os sexos estão no
páreo. Fala-se na 4ª geração: a dos jogos eletrônicos. Perguntei ao Marcio
Soares, produtor de entretenimento interativo, por quê jogos eletrônicos atraem?
Ele considerou que esta mídia é poderosa, possibilita imersão e conduz o
jogador ao poder ativo de ação (tomada de decisão). Jogos quebra-cabeça (jornais/revistas)
instigam a curiosidade, buscam de resposta. São passatempos. Jogos de Charadas desenvolvem
o raciocínio lógico. Jogos eletrônicos transformam o jogador em personagem principal.
Há o estímulo da recompensa. Respostas imediatas motivam a busca e a
persistência. Levam à tomada de decisões e a uma visão global. No jogo de criar
cidades, por exemplo, o jogador beneficia a população, viabilizando economia,
saúde, educação, habitação. Habilita a cidadania. O objetivo do jogo é levar o
jogador a sentir, experimentar, oferecer possibilidades impossíveis na vida real,
tais como: voar, ser um monstro. Objetiva entreter e alegrar. O RPG favorece a
interação e o desempenho de papel diferenciado a cada jogador.
Mudanças assustam - Os recursos
tecnológicos da mídia favorecem a evolução do ser humano e trazem mudanças, mas
também assustam. A geração X brincava de boneca, bicicleta, carrinho. As
meninas imaginavam ser a Branca de Neve; os meninos, bombeiros, policiais. A
geração X foi vitoriosa aprendiza da inofensiva máquina de datilografia. Esta
geração foi marcada por olhares passivos na frente de programas televisivos. As
novelas silenciavam casais.
Jogos, combinações e um casamento - Josefina, 65 anos, foi, por 40
anos, uma eterna solitária nas tardes de domingo. E o esposo? Jogando bocha e
baralho com amigos. Era o Playstation da época. Agora ele voltou. Passeiam,
tomam chimarrão, conversam. Bom para
ambos que ela o esperou. Regina, 25 anos, casada com Raul, 28. Ele é ligado no RPG. O casal
acordou um domingo ao mês para ele jogar. Regras e combinações amadurecem o
relacionamento. Silvia, 22 anos, casada com Baltazar, 26. Combinaram atividades
de lazer juntos. Ela no Facebook, ele
no Play. Caminham, cuidam do jardim, andam de bicicleta, visitam amigos.
Playstation/jogo: uma ameaça para o casamento - Gente, a ameaça vem do interior da pessoa e não de
fatores externos. O caminho do vício sinaliza que algo não anda bem. Jogue seu
olhar nos olhos do companheiro(a). Eles lhe revelarão alegria ou tristeza.
Jogue o amor de seu coração ao coração do outro. Cure-o!
Quando um dos cônjuges se encontra
insatisfeito, infeliz com a vida, e deixaram
de construir projetos comuns e pessoais, há espaço para compensações e fugas da realidade. O jogo
virtual dá empoderamento e resultados imediatos, mas o jogo da vida é lento e
os resultados nem sempre são os esperados.
Pessoas equilibradas, maduras,
administram a vida, não obstante os ganhos e as perdas. Cuidam da mente, do coração
e da vontade. Aprendem juntos a rir e a chorar.
Lembre-se: brincar é
saudável.
O vício empobrece, adoece.
Amem, brinquem. Amém!
*Este artigo é tema de palestra e foi publicado na Revista Família Cristã (Ed. Paulinas), edição janeiro de 2012.