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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A família e seus presentes de Natal

Estando próximos do Natal, é necessário refletir sobre seu verdadeiro significado.

Envolto no consumismo, o Natal perde seu significado se os pais não mostrarem aos filhos que o maior presente dado à humanidade foi Jesus

É Natal! Cantam as crianças, com vozes suaves: “Botei meu sapatinho na janela do quintal, Papai Noel deixou meu presente de Natal. Como é que Papai Noel não se esquece de ninguém? Seja rico, seja pobre, o velhinho sempre vem...”.

No soar da cantiga, olhinhos faíscam como a estrela de Belém! O coração infantil pulsa na cadência da bondade e da justiça, pois a criança acredita na promessa daquele Papai Noel vindo de longe, distribuindo presentes para ricos e pobres. Engraçado... São os adultos que narram aos pequeninos a história do trenó, do velhinho bondoso e justo, com barbas brancas, trazendo nas costas o saco de brinquedos. Os adultos se iludem também, gastam muito, acreditam no milagre do Natal... O bom velhinho jamais chega a pagar suas contas no final.

Pais, por que não falarmos às crianças sobre o Menino de Belém? Vamos contar a elas sobre os três Reis Magos e os presentes que o Menino Jesus ganhou quando nasceu. A Bíblia nos fala que, 2 mil anos atrás, na cidade de Belém, na Judéia, Maria e José tiveram um filho, o Menino Jesus. Ele nasceu pobre, numa estrebaria, e foi enrolado em panos.

A antiga tradição – e também a Bíblia – nos narra a história de três Reis Magos, vindos do Oriente até a estrebaria de Belém, onde se encontravam Maria, José e o Menino Jesus. Os três Reis Magos chamavam-se Belchior, Baltasar e Gaspar. Ofereceram a Jesus ouro, incenso e mirra. O significado dos presentes foi o reconhecimento e o amor ao novo Rei e profeta. Eles sabiam que aquele Menino pobre seria um grande líder e que Ele era um presente do Pai para a humanidade.

Sentido simbólico – O que significa hoje escolher um presente para alguém? Escolher um presente para alguém tem o sentido simbólico de manifestar o querer bem, a consideração e a importância que essa pessoa tem em nossa vida. A mais-valia do presentear é a intenção amorosa do gesto e não a proporção de valor e medida do objeto.

Há, porém, muitas maneiras de presentear as pessoas. A sociedade consumista, ansiosa por lucros, desejos e prazeres hedonistas, optou por um excesso de presentes materiais, esquecendo, muitas vezes, as reais necessidades do ser humano. Acabamos presenteando desejos desnecessários, presentes que tentam compensar frustrações... As famílias deixam-se envolver por pacotes, exageros gastronômicos, felicidade-relâmpago, no que se revela a ausência do brilho da estrela de Belém. Presenteia-se muito, poucas crianças; presenteando-se pouco, muitas crianças.

Na noite de Natal, pinheiros fartos e pacotes coloridos sufocam o presépio, risos, tintim de copos, os sinos badalam anunciando o maior presente da humanidade: Jesus! Poucos acolhem a intensidade do anúncio, pois estão embrulhados nos presentes, distantes do real significado dessa noite.

São milhares de presentes espalhados no Natal do mundo, insuficientes às necessidades dos irmãos... Crianças esperam o brinquedo. Papai Noel achará suas casas? Mães chorosas por um saco de pão, um pouco de feijão, leite e verduras, presentes que saciam necessidades. Pais esperando o Noel do emprego. Famílias querendo a telha, o tijolo, a madeira, a sua gruta de Belém. Idosos carentes de saúde e cuidado. Crianças e adolescentes na expectativa de um lar. Os presentes do mundo pertencem a poucos, porém, os presentes do Menino Jesus pertencem a todos.

A riqueza dos valores – A família atual, que vai ao shopping center adquirir seus presentes de Natal, precisa, inspirada na família de Nazaré, buscar um novo shopping: o shopping do coração do Pai. Foi ali que Ele nos ensinou a buscar os maiores presentes. Dali nos enviou o Menino Jesus, eterno e duradouro. O presente Deus-Menino traz ao mundo os tesouros da fé, justiça, amor, alegria, paciência, diálogo, união, fortaleza, respeito mútuo, fidelidade, fraternidade, salvação. Eis os valores que devem ser costurados com fios dourados, unindo vidas na família humana: marido, mulher, pais, filhos, avós, netos, pobres e ricos, os que choram e riem, fracos e fortes, mansos e humildes. Famílias, o presente de Natal que a sociedade necessita é a construção de lares que transmitam segurança, afeto e cuidado!

Nem mesmo a ciência, apesar de sua evolução, conseguiu criar em laboratórios um espaço aconchegante onde se encontram pai, mãe e filhos. Pai e mãe: o bondoso Papai Noel são vocês! Os presentes, numa proporção equilibrada, tem seus significados e dizem algo. Mantenha-os sustentados naquele clima de solidariedade e carinho familiar.

Presenteie, portanto, toda a sua família, em todo Natal, a cada novo dia, com um relacionamento saudável e duradouro. Maria e José, ícones da parentalidade (pai e mãe), buscam acolhida em seu lar. Jesus quer nascer em sua família.

Que toda criança recite com a poetisa Cora Coralina: “Creio na força imanente que vai gerando a família humana, numa corrente luminosa de fraternidade universal”. E, assim, família, cantem ainda os anjos com você e com toda a humanidade: “Noite feliz! Noite feliz!...”.


*Artigo publicado na Revista Família Cristã, Paulinas Editora, São Paulo, em dezembro de 2008.
**Todos os textos publicados neste blog são temas apresentados em palestras.