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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A auto-estima dos filhos

Cultivar uma auto-estima positiva e saudável nos filhos é uma tarefa que começa em casa, a partir do modo como os pais vivenciam o relacionamento em família.

Gostaria de conversar com os pais, neste artigo, sobre um assunto de extrema importância: como eles devem auxiliar seus filhos a construir uma auto-estima saudável e positiva. Mas, antes, é preciso perguntar: para vocês, o que é auto-estima? Olhem para suas vidas. Nela vocês convivem com sucessos, derrotas, desafios. Pois bem, a auto-estima é alicerçada nessa trilha. O psicoterapeuta e filósofo canadense Nathaniel Branden classificou a auto-estima como “um sentimento de competência e de valor pessoal”. Mas o que significa isso?
Os sentimentos de competência e valor pessoal se traduzem na estima e no respeito que temos por nós mesmos. É a consciência de se avaliar com consideração e aprender a se amar, olhando-se como um ser de importância inestimável. A competência pessoal é a autoconfiança. Acreditar-se capaz de realizar coisas boas, isso somado à certeza de que conquistará o que almeja. A partir dessa constatação, a competência, a valorização e o respeito pessoais farão igualmente com que a pessoa se adapte à realidade da vida, auto-afirmando-se para viver desafios (enfrentar e dominar os problemas), resolver conflitos, fazer escolhas, realizar tarefas, reconhecer as próprias habilidades e manejar as dificuldades cotidianas, sem desistir. Cultivar relacionamentos saudáveis, ganhar e perder e, no contexto da própria vida, atribuir-se o merecimento da felicidade e do sucesso.
Família-lar – Diante disso é importante que os pais se perguntem sobre a quantas anda sua auto-estima? Afinal, pais com auto-estima sadia construirão, com os filhos, um espaço fértil para semear e colher amor, respeito e valorização. Uma “família-lar”, na qual os erros se tornam sementes-mestras da paciente sabedoria de recomeçar, transcendendo a derrota e os acertos colhidos, tais como frutos maduros do perseverante cultivo do otimismo e do bem-viver.
Família-lar é o espaço onde os filhos aprendem a amar ou desamar, a projetar suas vidas para o sucesso ou insucesso, para a felicidade ou infelicidade. Por isso, pais e mães, cuidem em sua família-lar dos amores, dos sons, das diferenças, das conquistas e dos sofrimentos que povoam seu cotidiano, bem como da saúde física, emocional e espiritual de seus membros.
O cultivo da auto-estima dos filhos se inicia nessa família-lar, caracterizada como um território circular ou quadrado, com árvores ou sem, com cem balanços ou sem balanços (balanços são braços que acolhem a dor e embalam com amor). Na família-lar tem xingação e frustação, tem sim e não, num ziguezague que costura e borda limites. Ali é a escola relacional na qual se respira o oxigênio do convívio: puro, poluído (harmonia ou brigas), no qual se acrescentará mais ou menos valia de si. Então, pais, é hora de vocês pensarem sobre o oxigênio que se respira aí a sua família-lar.
Vida cotidiana – Além da família-lar, onde os filhos podem cultivar a auto-estima? Na escola, nos relacionamentos, em espaços de lazer na casa de amigos e avós. Em síntese: todo espaço desperta sentimentos de segurança ou insegurança, dependendo da adequação de seu filho àquela realidade.
Diante disso ainda fica a pergunta: como cultivar a auto-estima dos filhos?. Partindo do princípio de que auto-estima é o sentimento de valor e competência pessoal, são esses sentimentos que precisam ser potencializados em seus filhos. Fortalecer a competência e o valor dos filhos a partir dos cuidados parentais básicos, como saúde física, emocional e espiritual. Filhos cuidados terão a probabilidade de se tornarem mais autoconfiantes, pois desfrutarão do feliz merecimento de pertencerem e serem filhos de pais zelosos.
A auto-estima dos filhos deve ser cultivada na vida cotidiana, com os pais se mostrando e sendo próximos, dialogando, escutando e respeitando. É preciso conhecer e valorizar a habilidade dos filhos e elogiar o desempenho deles. Possibilitar sua participação em cursos e atividades diversificadas. Incentivá-los para leitura, esporte e música, favorecendo o autoconhecimento de seus respectivos interesses.
Outro ponto importante para o reforço da auto-estima dos filhos é, por exemplo, valorizar o dia do aniversário deles. Isso não significa necessariamente dar uma mega-festa, mas sim celebrar um ritual de felicidade familiar. Mais uma recomendação: pai e mãe, sejam presentes nas apresentações públicas de seus filhos, seja na escola, seja em qualquer outro evento. Permitam aos filhos também a vivência de desafios, frustrações, responsabilidades e desempenho de tarefas no lar. É preciso confiar nos filhos, dando-se conta de que eles tem as próprias pernas para caminhar.
Não dispensem o uso de críticas construtivas, mas sejam flexíveis não julgando os erros com extrema severidade. Por fim, sigam em frente e acreditem na sua competência para habilitar a auto-estima dos filhos. E não se esqueçam de vivenciar palavrinhas mágicas, como falar, ouvir, compreender e valorizar.

*Texto publicado na Revista Família Cristã, Paulinas Editora, Sã Paulo, em julho de 2008 – exemplar nº 871
**Todos os textos publicados neste blog são temas apresentados em palestras.

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