“O filho sábio é a alegria de seu pai, mas o filho sem juízo é a tristeza de sua mãe.” (Prov.10,1)
Filhos e violetas, reinos diferentes. Manifestações peculiares, ambos carentes de cuidado, ora aprendizes, ora ensinando. Filhos adolescem. Violetas florescem. Filhos desafiam. Violetas silenciam. A mãe atravessa a varanda com o coração dolorido, lágrimas passeiam no seu rosto, incertezas bailam na sua mente preocupada com as experiências e negligencias dos filhos adolescentes.
Seu olhar paralisa frente às violetas, as quais lhe inspiram: “Se filhos fossem violetas, os pais não chorariam.”

Filhos adolescentes, mudanças à vista - Falando em filhos adolescentes, pontuamos acima alguns aspectos não generalizando características adolescentes, e sim alguns matizes do adolescer.
A adolescência é um ciclo vital imprescindível ao adultecer. Conhecemos pessoas “tão regradas” na juventude, adolescendo aos 40 anos, enquanto outros não se permitirão adolescer.
Na adolescência o corpo manifesta alterações. É importante elaborar a perda do corpo infantil. Alguns o escondem transformando largas roupas em escudo, proteção.
Os adolescentes demonstram novos estilos. A mãe libera-se das ofertas da loja vizinha. Filhos crescidos, gostos estremecidos.
E as emoções dos adolescentes?
A produção hormonal, além do corpo, atinge também as emoções. Adolescentes revelam-se sensíveis, irritadiços, sonolentos, desligados. Ora são alegres, ora tristes, ora expansivos, ora encapsulados.
E o quarto? Torna-se o universo do adolescente. Porta fechada sinaliza o limite da individualidade.
Pais pensando:
Dizia-me a mãe estressada: “Não suporto ver a porta do quarto do meu filho fechada, vou lá, abro, entro”. Então perguntei-lhe: -Por quê não bate na porta e pede licença para entrar?
Respondeu-me furiosa: “A casa é minha”.
Perguntei-lhe: “A casa não é dos filhos?”
Compreendemos porque alguns adolescentes vão embora...
Pais equivocados - Há pais impacientes, invasivos, briguentos também. Aí a disfarçada desculpa: trabalham, tem preocupações. Adolescentes, igualmente, tem suas dificuldades e crises existenciais. Ouvindo adolescentes percebe-se que nem sempre são eles os responsáveis pelas brigas em casa, mas pais estressados. Novamente compreendemos os pais, embora eles possuam três vezes a idade dos filhos. Quando tiverem autocontrole e maturidade, tornar-se-ão ingredientes da adultez? Aceitemos, sim, que pai e mãe não são violetas.Pena!
Medos na adolescência - Quando o adolescente sai do ciclo infantil começa a abdicar de proteção. Torna-se alvo da expectativa dois pais, avôs, tios, amigos. Espera-se que assuma responsabilidades, enfrente desafios, que dê conta dos estudos, das atividades extra-classe, do quarto, de suas roupas, da louça suja na pia, da toalha molhada após o banho, da bagunça na sala de tevê e computador. O foco é organização, o que supõem limites estabelecidos. Ele precisa aprender a organizar-se. O desempenho das tarefas o auxiliará no ordenamento das emoções e pensamentos, no pertencimento familiar, ou seja, a casa onde mora é dele. O espaço familiar possibilita-lhe uma caminhada confiante e autônoma rumo à adultez. Um dia será adulto.

Encontramos jovens de 17 anos na faculdade, tenros e vulneráveis à pressão da sociedade consumista, a qual lhes aponta profissões promissoras num país onde se torna mais fácil passar no vestibular do que ter a carteira profissional assinada. Superando medos, experimentará suas habilidades. Medos tornam-se obstáculos e possibilidades para prosseguir. Erros e acertos se entrelaçam e constituem plataformas emocionais de autoestima. Medos e dúvidas são aprendizados.
Pais: erros e acertos - Uma jovem, 17 anos, acadêmica de psicologia, era parabenizada. Sentia-se, porém, triste. Na metade do curso, nova opção: letras! Formou-se apoiada pelos pais. Feliz!
Pais cansados, levantem!
Um pai descobriu que seu filho estava fumando maconha. Chorou. Ficou arrasado. Impotente. Culpado. Perguntou-se: “Onde errei?” Teve longa conversa com o filho, o qual foi receptivo. Após escutar o pai, o filho argumentou: “Meu pai, eu sou muito mais que essa maconha, eu não sou só isto”. O pai o abraçou. Entendeu que a maconha fora o meio torto que o adolescente encontrara para ser valorizado pelo pai.
Pais, transformem seus filhos em soluções e não em problemas.
Pais, transformem sua casa no lar de seus filhos.
Pais, cuidem da saúde corporal, emocional, mental e espiritual de seus filhos.
Pais, rezem com e por seus filhos.
Pais, valorizem seus filhos e possibilitem-lhes opções e autonomia.
Pais, descansem e retomem a jornada.
Pais, a vida é uma constante opção para a felicidade e para a realização. Violetas não fazem escolhas; filhos sim.
Maria, mãe de todos os homens e das violetas, olhe por nós. Amém!
*Texto publicado na Revista Família Cristã, Paulinas Editora, São Paulo, em setembro de 2010
**Todos os textos publicados neste blog são temas apresentados em palestras.
**Todos os textos publicados neste blog são temas apresentados em palestras.
1 comentários:
Porque eu pensei em violetas? Cliquei e te achei. Sou mãe. Não choro. Apenas estou ansiosa demais esperando minhas duas violetas desabrocharem viçosas para a vida e para o mundo. Que bom encontrei você, com sua palavras, com sua inteligência e seu conhecimento para me ajudar nesta jornada. Serei sua seguidora. Muito obrigada por dividir tudo que há de maravilhoso em você. Gisele
Postar um comentário
O seu comentário engrandece nosso blog, obrigada!