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segunda-feira, 22 de julho de 2013

A vida continua e se renova”


Relacionamentos frágeis
A promessa de casamento eterno é tombada como patrimônio 

antigo, as uniões pós-modernas descuidam a intencionalidade, o 

pertencimento e a permanência

Cleusa Thewes *


Rose e Edu
Ela tem 26 anos e ele, 28. Casados há dois anos, são pais de um bebê de 10 meses. Rose saiu do emprego para cuidar do nenê. Edu passa o dia no trabalho. À noite, em casa, ele se esquece da família e se fecha na sua rotina de lazer. Janta, lê, assiste a TV, tecla no Facebook. No trabalho, ele também permanece on-line o tempo todo. Rose se sente descasada. Ela tentou o diálogo conjugal, envolveu-o nas tarefas domésticas, deixou o bebê aos seus cuidados, mas Edu apresenta dificuldades de abdicar da solteirice e assumir o papel de parceiro conjugal e parental. Rose vê seu casamento fragilizado. Em área de risco.


Fábio e Thamise
Ele tem 37 anos e ela, 30. Somam um relacionamento de quatro anos, e, há um ano, decidiram fazer a experiência de morarem juntos. Se desse certo, casariam. Mas, o que era para ser delicioso, virou frustração. A experiência de viver sob o mesmo chapéu gerou expectativas irreais, próprias de pessoas imaturas para o consórcio. Viver em lua de mel diária, café da manhã e jantar a dois, dormir de conchinha, passear de mãos dadas aos domingos... Não deu certo.
A realidade mostrou-se desafiadora. Fábio é enfermeiro noturno. Quando ele chega, ela sai. Dormir de conchinha? Como? Sozinho? Tomar café da manhã e jantar juntos? Raramente! Passear no fim de semana? Não. Ele trabalha sábado à noite no hospital.
Thamise sente-se abandonada e ele, culpado. Encontram-se no limite da tolerância conjugal e sem forças para organizar uma relação ralada e desgastada. Convivem num clima de cobranças, desculpas e confrontos. Numa coisa, entretanto, concordam: “Perdemos a atração, o amor... Acabou!”.
E eu digo: o casamento apenas começou! Façam novos arranjos de convivência.


                                                                                                                 Divórcios

   Pesquisas focadas nas famílias confirmam a fragilidade e a inconsistência dos relacionamentos. Isso não me surpreende nem um pouco. É a realidade dos consultórios terapêuticos. Dados do Instituto Brasileiro de Geo- grafia e Estatística (IBGE) constatam que os índices de divórcios aumentaram 45,6% entre 2010 e 2011. O censo observou que mais de um terço das uniões são apenas de convivência, sem casamentos e com duração de cinco a nove anos. Segundo sociólogos, a sociedade ocidental contemporânea integra e contempla nos relacionamentos a possibilidade da dissolução. A promessa de casamento eterno ficou no passado.
A vida familiar configura-se pelo aumento de uniões livres, sem casamento. Divórcios, famílias monoparentais, as quais um dos dois assume a responsabilidade pelos filhos. Filhos no domicílio sem um dos pais ou nascidos fora do casamento. Famílias compostas e recompostas, guarda de filhos de uniões anteriores. Vários fatores sociais, interculturais e valorativos originam novas configurações conjugais e familiares.



Precisa-se, sim, consolidar redes internas de fortalecimento emocional, espiritual, as quais nutram a sustentabilidade dos laços conjugais e parentais, pois o ser humano não pode permanecer na área de risco e no vazio desamoroso.



Fragilidade conjugal
A vulnerabilidade conjugal ocorre no contexto da transformação e mudança de valores pelo qual a sociedade transita. Aprendemos que a construção familiar ocorre a partir da conjugabilidade (homem, mulher, casamento). Novas modalidades de convivência surgem. Hoje se casa contando com a possibilidade da dissolução logo adiante. O casamento é apenas uma experiência etiquetada com prazo de validade reduzido, limitando-se ao tempo do prazer. Isso ocorre porque a sociedade perdeu o rumo e, com ela, o ser humano também o perdeu. A coisificação dos relacionamentos é apenas uma das consequências da perda do rumo. Há outras, igualmente muito sérias, como drogas e criminalidade. A promessa de casamento eterno é tombada como patrimônio antigo. As uniões pós-modernas descuidam a intencionalidade, o pertencimento e a permanência.
Nos relacionamentos abertos, a traição é regra acordada e consentida. Há, evidentemente, muitas variáveis favorecendo a desestabilização dos relacionamentos. Nos fatos narrados, veem-se casais jovens fragilizados, girando em círculo na área de risco, sem estrutura emocional para consolidarem a união. As diferenças pessoais são confrontadas no combate, muitas vezes irracional. A passionalidade vítima do amor, e a desconfiança aniquila a razão. A possessividade apodera-se de um e de outro. O individualismo subestima a parceria. A erotização desordenada esvazia a sacralidade do corpo. A ausência de espiritualidade empobrece a significância do amor.
Os sociólogos diagnosticam que quanto mais forte é a adesão ao sistema de valores que fortalece e sustenta o indivíduo na busca de si mesmo, na realização plena de sua autonomia, mais o casal é frágil. A busca da felicidade pessoal, em detrimento da conjugal, não se acompanha simplesmente da negação da disciplina e do controle sexual, ela demanda, na verdade, atos de transgressão (adultério, traição), em nome da satisfação pessoal.
Bem, creio que a fé, a esperança e o amor, atributos divinos, alicerçam nossas famílias. Cabe a nós cultivá-los.

Mãe do Céu, assim seja. Amém!

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