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domingo, 21 de julho de 2013




Mãe 24 horas
Mãe aconchega, mas também precisa ser aconchegada, mãe embala, mas precisa ser embalada, mãe faz, mas precisa ser ajudada, mãe é forte, mas também é frágil
Cleusa Thewes *

Neusa, 54 anos
Mãe de Nina, 25 anos, e de Alex, 29, que ainda residem com os pais. Neusa é a típica mãe de dois empregos: administra a empresa familiar e sua casa. Nesta, esmera-se incansavel­mente para deixar tudo em ordem, abastecida, roupas limpas e no lugar, refeições à mesa. E, no pouco tempo que lhe resta, ainda remove as teias de aranha do teto e cuida do jardim. Outro dia ela sofreu um apagão: esqueceu-se de comprar arroz e café. Com tantas tarefas sobre si, era lógico que estivesse perdoada da atrapa­lhada. A filha lhe disse: “Mãe, você está fazendo coisas em excesso, está sobrecarregada”.

Márcia, 26 anos
Mamãe da pequena Luiza de 9 meses. Com a chegada do bebê, a vida de Márcia girou em 360 graus. Entre o emprego e a filha, escolheu a filha. Assim, por enquanto, abdicou das atividades profissionais para se dedicar à filha. O esposo compreen­deu o papel imprescindível da mãe no cuidado, na educação e no fortaleci­mento dos hábitos iniciais do pequeno e indefeso ser.
Mas, mesmo não trabalhando fora de casa, Márcia não aguentou ser mãe 24 horas. Cansada da rotina, chamou o pai à responsabilidade. Agora, quando pode, ele cuida da filha. A mãe aproveita esses raros momentos para descansar, ler, caminhar, tomar chimarrão e bater um papo com as amigas. Com esse novo rearranjo com o esposo, Márcia ficou mais tranquila e feliz.

Luci, 37 anos
  Luci tem André, de 13 anos, e Lucas, de 7. No divórcio assumiu a guarda dos garotos. Durante o dia, Luci trabalha, e os meninos estudam. À noite, dedica-se aos filhos. Em fins de semanas alternados, eles ficam na companhia do pai. Ela aproveita esse escasso tempo para cuidar de si: descansa, passeia, estuda, namora, reza, organiza a casa... Luci reco­nhece a importância de ficar só para recarregar a bateria materna. Dessa forma, embora divorciados, os pais administram bem o que sobrou do casamento desfeito, e a vida deles e a dos filhos vão bem.







Vinte e quatro horas
  Existem alguns fatores que concor­rem para este exagero. Sim, exagero. As mulheres do século 21 ainda legitimam com atitudes o legado internalizado de uma cultura ma­chista. O homem provê, e a mulher procria. Essa ideia arcaica traz implícitas as tarefas de cada um no casamento. E a casa faz parte das tarefas da esposa e mãe. Cabe-lhe dar conta de tudo sozinha, sem se queixar. Faxinar até instantes antes de parir sorrindo. Aliás, o esposo machista quer a esposa sorrindo sempre, afinal ela é a rainha do lar. Será este o papel da mãe: esgotar-se, ultrapassar os próprios limites e, como se isso não bastasse, ainda ouvir reclamações de que anda irritada demais?
Felizmente a sociedade está mu­dando. O censo de 2010 revelou índices de aumento significativo de mulheres cuidadoras e provedoras ao mesmo tempo, nos lares brasileiros. Muitas delas têm domésticas. As outras – que não têm domés­ticas – disponibilizam uma força interior capaz de superar mãos, braços e pernas para cuidarem das desordens do lar. Logicamente nem sempre são eficientes. Nem isso pode ser pedido a elas.
Já o afeto elas distribuem sem os limitadores ponteiros do relógio. Na escuta, o coração substitui as orelhas. Levando o sentimento direto ao coração, ganham tempo. Esquecendo as formalidades, as reuniões agendadas, aproveitam as oportunidades que surgem para desempenhar o papel de mãe. Para a troca de afeto, os conselhos, os pu­xões de orelha, não tem mais hora. Ocorrem quando têm de ocorrer e não em um momento escolhido e agendado.

Maternagem e qualidade de vida
Mãe precisa de qualidade de vida. O que é, porém, qualidade de vida? É cuidar-se! Permitir-se deitar na rede, ver o pôr do sol, alimentar-se com calma, ir à manicure, fazer atividades e escolhas que lhe trazem satisfa­ção. Qualidade de vida no lar exige repartição de tarefas e colaboração de todos os membros. Os filhos au­xiliam no que podem. Mas também momentos de descontração fazem parte da qualidade de vida familiar. Ir ao supermercado, o churrasco aos domingos, crianças tomadas banho à moda de pai na suíte do casal, saindo molhadas corredores afora. É saudável quando a mãe se permite ser forte ou frágil, ani­mada ou cansada, alegre ou triste, sorridente ou chorosa, falante ou silenciosa.
É bom a mãe se abster da varinha do poder, permitindo-se ser cuidada e afagada. Olhar-se no espelho e iden­tificar estrelas em seus olhos. Amar-se para irradiar amor e bênçãos.

Breve balanço


  “Quando os filhos são embalados pelo soninho da noite, e as estrelas repousam lá longe, no alto, no manto do céu, ou quando o gotejar da chuva fina vira canção noturna de ninar, acolha, ó mãe, na ma­drugada, sua dor ou sua euforia, chore ou sorria, tornando-se outra vez criança e deixe-se balançar no colo aconchegante da Mãe Maria, ela lhe ensinará a ser mãe nos de­safios de cada dia, na guerra e na paz. Amém! Minha bênção de mãe para cada mãe.’’

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